A experiência de participar desta conferência foi profundamente especial na minha vida e paradigmática na minha formação profissional. Primeiro, porque faz parte de um momento histórico de revitalização das ciências produzidas no Egito Antigo, pela primeira civilização humana chamada KEMET, que significa “Nação do Povo Negro”. Segundo, porque este evento representou um balanço de quase 30 anos de pesquisas em diversos campos de estudos sobre civilização Kemética e outros povos antigos da África, como os Dogons. Vou descrever um pouco do histórico deste movimento intelectual.
Esta foi a segunda Conferência do Vale do Nilo (NVC), a primeira NVC ocorreu em 1984, há 27 anos atrás, aqui mesmo em Atlanta dentro da Capela de Martin Luther King Jr. Foi projetada para facilitar o processo de recuperação histórica que é essencial para o futuro do povo negro. Muitos acadêmicos foram convidados a olhar as linhas de evidência, descobertas originais e novos paradigmas de percepção da história que foram ignoradas pela academia/ciência atuais.
Segundo Cheik Anta Diop, a história do povo africano é incompleta, a menos que ela seja contada com sua raiz na Antiguidade do Vale do Nilo. A primeira NVC foi elaborada não só para continuar a tarefa de corrigir o terrível desequilíbrio criado no estudo da história africana pelo esforço sistemático de remover a civilização ancestral egípcia da história da humanidade, mas, também, trazer à tona o trabalho desse pequeno grupo de acadêmicos que está crescendo e que começa a revolucionar os estudos das civilizações do Vale do Nilo, assim como da história da África e da história da própria humanidade.
A primeira a primeira Conferência do Vale do Nilo teve um impacto profundo não só na academia, mas também na comunidade de descendentes de africanos no continente e na diáspora. Foram desenvolvidos projetos em universidades, escolas, comunidades, centros urbanos, etc. Acadêmicos mergulharam no Egito e em diversos outros povos da África para recuperar os conhecimentos antigos e ancestrais. Depois de 27 anos, a II NVC significou um balanço da produção de conhecimentos e práticas sobre a antiguidade africana e como este conhecimento pode ser utilizado para a construir o futuro do povo negro.

Com a proposta em mente, sigo agora compartilhando a riqueza de conhecimentos que foram apresentados pelos mais diversos especialistas de várias localidades do mundo: matemáticos, astrônomos, geólogos, historiadores, arqueólogos, egiptologistas, psicólogos, educadores, médicos, etc. Vale ressaltar que alguns deles não se conheciam pessoalmente antes da conferência. Eles desenvolveram suas pesquisas ao longo da vida e se encontraram nesse momento. Entretanto, como vocês poderão perceber, há uma unicidade nas informações que foram apresentadas, por meio de diferentes perspectivas eles chegam a conclusões comuns, a uma história comum. Destaco este aspecto porque creio que este é um fator importante quando falamos de ciência. Ressalto que o material que vou compartilhar são anotações que foi fazendo ao longo das palestras. É o resultado do que eu pude apreender do que foi apresentado, considerando que não sou uma especialista na área e inglês não é minha língua nativa, apesar de entender razoavelmente. A intenção é mostrar um pouquinho do que existe e quem se interessar pode correr atrás do conhecimento e eu posso ajudar também.
Clique nas imagens e veja relatos das palestras .
Gostei muito de saber o que tem sido promovido na construção de uma história africana!
Impecável!
Venho, a muito, em busca de nossas origens,além da perspectiva da Grécia Antiga. O encontro com esse conteúdo tem uma dimensão para além da ordem profissional, segue na ordem pessoal, numa dimensão visceral, espiritual! Muito grata! Muita LUZ! Prosseguirei.